31 dezembro 2011

A manter em 2012.




















[Numa altura em que todos fazem resoluções de Ano Novo, hoje de repente, pensei que há coisas que gostaria que não mudassem em 2012.]

19 dezembro 2011

13 dezembro 2011

11 dezembro 2011

You´re the ocean.



[…]
"I can't hear you
But I feel the things you say
I can't see you
But I see what's in my way
Now I'm floatin'
Cause I'm not tied
to the ground
Words I've spoken
Seem to leave a hollow sound
[…]
Need distraction
Need romance and candlelight
Need random violence
Need entertainment tonight
Need the evidence
Want the testimony of
Expert witnesses
On the brutal crimes of love
[…]
I'm not present
I'm a drug
that makes you dream

I'm an aerostar
I'm a cutlass supreme
In the wrong lane
Trying to turn
against the flow
I'm the ocean
I'm the giant undertow"

[Em loop.]

09 dezembro 2011

A(r) dor.


[Fotografia: Sandra Afonso. 9 Dezembro 2011]

Amor Dor é não ter defesas
é ter o coração exposto,
como nas cirurgias
e despejarem ácido, cuidadosamente,
quando temos o peito aberto.

Dor é ser o morto em exposição no velório
[vejam, olhem bem, estou composto,
com bom aspecto, asseado, bem vestido,
apenas ligeiramente pálido, a morte é um pormenor]

Dor é partir. Virar costas.
Ir no sentido oposto ao que queremos
e não ceder à tentação de olhar para trás.

Amor é conseguirmos voar
Dor é, de repente, cairmos em nós
sem ninguém que nos ampare na queda.

Preciso de um analgésico, por favor. 
Daqueles potentes.
Que me permitam tão só continuar a respirar.
Mas sem prescrição, que não tenho paciência para a caligrafia mal desenhada do receituário.
Hoje.

07 dezembro 2011

Amor.



Quem é que não deseja ter alguém assim?
[Até hoje, o único filme que gostei de ver em 3D.]

27 novembro 2011

So, please…



A acompanhar a respiração ainda atribulada da piolha, sento-me ao fundo da cama com o computador.

22 novembro 2011

No ar.




















[Rabiscos e palavras, 11 de Outubro de 2004]
O sol queima
O nevoeiro que passa lá fora, infinitamente leve,
carrega o peso de histórias de todo o mundo.
Transportará as minhas?
Vamos a 980Km/h e nem assim consigo agarrar o que está dentro de mim.
É quase tudo infinitamente belo,
mas quando há um quase, nunca há o infinito.
O que está dentro de nós é bem maior.

Olhei para baixo
Está tudo suspenso, sem fios, sem rede,
parado no tempo.
Estamos acima das sombras.

[Islândia]
E, subitamente, a quebra
a ruptura no céu,
o branco continua em terra
perdido de pessoas
inundado de alma.

[E é perante a imensidão que tenho de preencher os formulários de entrada nos EUA]
Mantém-se a paz, a perder de vista,
cheia de ondulações sinuosas e abismos abruptos.
Equilíbrio.
A natureza tem a mais fiel balança de todas.

Nem o último a cair vai perder.



O Jogo, para quem não sabe jogar.

The world is filled with broken empty dreams.

05 novembro 2011

Iluminação natural.

[Fotografia: Sandra Afonso]
Saudades quotidianas de noites que se prolongam em madrugadas com candeeiros pendurados em árvores. As árvores, como ligações que crescem e se enraízam com o passar das estações. Momentos que se guardam no coração. Mesmo que sangre.

27 outubro 2011

Alfa pendular.

ar rasto poças de sangue
sol tam-se letras das mãos
o chão é uma sopa sem sentido
devia haver varre dores de palavras
[passo no Entroncamento a 174 Km/h
o relógio marca 14:53
e a temperatura, lá fora, hesita entre os 26 e os 27ºC]

15 outubro 2011

Afinal…

É preciso termos alguém nosso até à última gota de sangue?
Continua o medo de partir o que ainda não está inteiro.
É tão fácil partir coisas e pessoas.
Como as coisas, basta largar.
Existe uma força de gravidade específica para as almas que, desamparadas, se estilhaçam.

Partir é fácil.
Depois do coração ceder, tudo se desfaz.
Não há como agarrar pedaços de pele e mantê-los juntos.
Não temos mãos para tanto, o pó passa nos intervalos dos dedos.
Sai o sangue, suja a cama, invade o olhar.
Chora, se conseguires. Dizem que faz bem mas não é tão fácil como parece.

Não cries expectativas.
Vive só o agora e não penses no que vem, porque pode não vir nada.
E depois, seguem-se mais estilhaços e dor e o sangue que se espalha por ti e à tua volta.
Não queres que te processem por contaminares a rua com o que não consegues guardar, pois não?

Olha, tens uma fenda no braço. Não, não é nesse.
É no esquerdo… mais acima, junto ao ombro.
Cuidado para não começares a perder membros.
Há quem diga que o processo é doloroso e irreversível.
Começa devagar, sem dares por nada e quando finalmente percebes já é tarde.
Espalha-se pelo corpo todo e ataca os orgãos vitais, como no amor.
Definhas e ninguém percebe porquê. Nem tu.
Acordas 5, 6, 7 vezes durante a noite apenas porque sentes que falta o que ainda não conseguiste identificar.
Um destino.  
O teu sangue não tem para onde correr.

Não dás voltas na cama.
Ao invés do cliché ficas muito quieto, na esperança que o tempo passe sem te atropelar e te mandar para as urgências.
Na esperança que toda a dor se esqueça que existes e vá fumar um cigarro.
Que difícil é respirar, quando nos sentimos como um peixe fora de água.

09 outubro 2011

Andamos todos a fazer equilibrismo.


[Fotografia: Luce Tremblay-Gaudette]

PSY - Les 7 doigts de la main. Esta e outras imagens fizeram a tarde de hoje…

04 outubro 2011

Expressões.

Marissa Nadler - Bird On Your Grave from Joana Linda on Vimeo.

Às 6:16, sem sono, eis o que me passa pela cabeça: O "bom gosto" é uma expressão que me arrepia. É como "objectos com design". Cheira-me a mofo ou naftalina e a discursos e mentes pré-formatadas e dogmáticas. Mas isto sou eu e o meu mau feitio matinal (?) a pregar-me partidas.

05 julho 2011

Limpo. Limbo.

“Ser bem trajado no escrever é de certo modo um hábito social; uma condição de promoção social; mas a quem não tem como suprema ambição a de ser promovido lhe bastará ser limpo” Agostinho da Silva

Limpo. Limbo.
Almas esterilizadas (aterrorizam-me).
Uma dúzia de Padres-Nossos, outras tantas Avés-Marias e está feito o negócio.
Sais, e não pensas mais no que fizeste.
Limpeza empacotada, pronta a comprar.
Preferes viver numa lixeira?
Não há incineração que te valha.
O que pensas fica às vezes escondido e, quando menos esperas, ataca-te pelas costas, como um cobarde à traição. Sem piedade.
Nem as palavras te ajudam a estancar o sangue. Sujam a folha.
A árvore que abateram, desmembrada, transforma-se na cama de vocábulos inquietos e sem sono. Desordenados.
Não sou limpa.
Imagino o limpo calmo e ponderado. Perfeitamente organizado.
Come, com cuidado, sopa, prato e sobremesa a horas certas, e não gosta de migalhas imprevistas. O limpo veste azul médio perfeitamente engomado e ouve Celine Dion.
Tédio.

Viajo de palavra em palavra, sem rumo aparente.
Ando às voltas mas nunca consigo voltar ao mesmo sítio com a precisão de um GPS.
Assim que me aproximo há qualquer coisa que me leva…
Um som na rua, a respiração ritmada da Nazaré, um cartaz rasgado que tenta sobreviver.
Os travões insuportáveis de um autocarro.
Esta cidade que insiste em seduzir-me.
A tua mão.

Passeio nos teus dedos como se tivesse 17 anos e fosse levantar vôo. Estamos agora deitados de costas, na relva morna, e contamos um ao outro histórias do futuro.
Rimos de tudo, até de nós.
Limpos, rimos da morte.

A nossa torna-se mais fácil, quando já vivemos a (morte) dos outros.
E a Nazaré novamente… “Mãe, podemos morrer de mão dada?” Todos os movimentos congelam perante a ingenuidade transparente da pergunta.
Paralizo.
A rotina desenha rostos anestesiados, invade entranhas. A rotina circular e previsível é uma doença terminal a que quase todos sucumbem.
Não queremos demasiadas surpresas.
Podemos não resistir ao choque de sentir, efectivamente, o sangue que nos corre nas veias.
Viver com rede.
Planear.
Saber o que vai acontecer hoje à noite, amanhã, daqui a uma semana ou um ano.
Aos Domingos almoço de família, às segundas-feiras cinema, e aos Sábados praia e piscina, em fins-de-semana alternados.
Se somos animais de rotinas, o que nos resta?
Flutuam palavras à minha volta.
Rasgar, romper, escandalizar.
Grito.
Fala baixo, que ninguém te ouça. Não te destaques.
Desde que te mantenhas ali mais ou menos a meio da curva de Gauss ninguém te chateia.
Estrangula a rotina.
Retira-lhe o ar,
muito lentamente.
Ela merece sofrer todas as conversas de circunstância que te fez passar.
A única palavra é vida.
Vai.
A noite fez-se má mas tu queres conduzir 600 Km às quatro e meia da manhã, só porque tens uma necessidade visceral de dar um beijo a quem amas.
Vai, e nunca te arrependas.