é ter o coração exposto,
como nas cirurgias
e despejarem ácido, cuidadosamente,
quando temos o peito aberto.
Dor é ser o morto em exposição no velório
[vejam, olhem bem, estou composto,
com bom aspecto, asseado, bem vestido,
apenas ligeiramente pálido, a morte é um pormenor]
Dor é partir. Virar costas.
Ir no sentido oposto ao que queremos
e não ceder à tentação de olhar para trás.
Dor é, de repente, cairmos em nós
sem ninguém que nos ampare na queda.
Preciso de um analgésico, por favor.
Daqueles potentes.
Que me permitam tão só continuar a respirar.
Mas sem prescrição, que não tenho paciência para a caligrafia mal desenhada do receituário.
Hoje.
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